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Mamulengo - Etapa Pernambuco

Nessa primeira etapa do projeto, o Mamulengo Água de Cacimba encontrou o Mamulengando Alegria (Neide e Cida Lopes), de Glória do Goitá, e ambos grupos visitaram o Mamulengo da Saudade (Mestre Zé Vitalino), em Nazaré da Mata. Abaixo, você confere os vídeos, fotos e relatos escritos feitos nessa etapa.

1º dia – 4 de Setembro 2024 – Glória do Goitá

A primeira cidade visitada nesse intercâmbio foi Glória do Goitá, na Zona da Mata Pernambucana. Cidade chamada por muitos de “a capital dos mamulengos” que é terra de grandes mestres mamulengueiros marcados na história do brinquedo. 

Já tínhamos ido algumas vezes à Glória do Goitá, mas dessa vez fomos para uma estadia mais longa. Foram dias adentrando o cotidiano de uma família de artistas, que receberam a tradição do mamulengo de Mestre Zé Lopes. Neide foi esposa do mestre e Cida a filha do casal, foram as participantes do nosso intercâmbio artístico. Essa dupla de mãe e filha desenvolvem um trabalho incrível de continuidade da tradição e perpetuação da memória do mestre Zé Lopes, aquele com quem aprenderam.

Iniciamos o intercâmbio ao chegar na cidade de Gloria do Goita nos reunindo com Neide e Cida para planejar as atividades da semana. Já ficamos animados com as propostas para nossos encontros. Vamos aos poucos nos aproximando da trajetória delas como brincantes. As histórias da família se entrelaçam às histórias dos bonecos e da tradição. 

Nos hospedamos na casa CUPO, espaço cultural que fica ao lado da casa de Cida. Acordando já no espaço, poderíamos começar o intercâmbio cedo e aproveitar bem os dias de visita. A noite foi de muita conversa e trocas de opiniões sobre a brincadeira do Mamulengo, figuras, passagens e contando uns aos outros nossas experiências. Um tema que apareceu nos diálogos foi as passagens antigas que passam por modificações para se adaptar ao mundo atual. Essas modificações que suavizam o conteúdo muitas vezes ofensivo ou considerado pesado, representa também o risco de “acabar” com a tradição. 

Como podem sobreviver as figuras antigas que representam outro tempo? Essa pergunta exige que pensemos no significado de “outro tempo” e quem são essas pessoas que ainda mantêm as antigas formas de viver apresentadas nas brincadeiras. É interessante pensar que existem formas de representar o passado sem reproduzir ofensas racistas, machistas e preconceituosas. É preciso buscar formas de existir para continuarmos a manifestar as memórias dos nossos mestres e mestras. Esses passos que vem de longe, onde podem nos levar? Quem conta as histórias, não pode delas esquecer. E para não esquecer, é preciso contá-las a quem quiser ouvir. 

Não temos soluções, mas juntos podemos pensar nas formas de continuidade dessa tradição oral, simbolizada pelas histórias e materializada pelo boneco que realmente atravessa gerações.

Mamulengo Água de Cacimba e Mamulengando Alegria na Casa Cupo. Foto: Giba

2º dia – 5 de Setembro 2024 – Glória do Goitá 

Mestra Neide é uma exímia construtora de bonecos, que dentro da cultura do Mamulengo chamamos de Mestra bonequeira (artista que confecciona os bonecos com madeira). Dominando técnicas do entalhe em madeira utilizando principalmente facas, Neide nos mostra as etapas da construção do bonecos partindo de um toco de Mulungu, a madeira mais usada na construção das figuras na Zona da Mata pernambucana. 

Hoje o dia começou cedo para fazer boneco. Ao som da cidade de Glória do Goitá, sentamos na entrada da Casa CUPO e ali ficamos o dia todo. Esculpindo e proseando. Cida nos apresenta sua coleção de facas e nos orienta como afiar.

Cida, que conhece todas as técnicas envolvidas nesta arte, inicia nossas vivências no intercâmbio, mostrando a diversidade de facas para corte e como afiá-las na pedra e com uma mini lixadeira. Nos mostra a direção na qual a faca necessita ir na pedra para que o corte fique adequado e tenha o efeito esperado no contato com a madeira. Primeiro limpa as facas com álcool, afia na pedra e depois continua afiando com uma lixa fina. Cada faca tem uma função e um formato diferente. 

Após toda a parte de preparo das facas, fomos escolher a madeira para esculpir uma cabeça. Começa arredondando o toco de mulungu, fazendo o formato da cabeça do boneco, neste momento começamos a observar a figura que pode aparecer, unindo aquele toco à imaginação. Marca a orelha, os olhos, boca. O entalhe precisa ser cuidadoso e a fibra da madeira determina a direção do corte. Às vezes é preciso lascar a madeira com a ponta da faca. É um trabalho muito complexo e técnico, que historicamente é transmitido oralmente dentro das culturas populares. 

O boneco vai tomando forma e também a personalidade da figura surge. Com a experiência, tomamos mais confiança para fazer os cortes e construir as características do boneco. Foi assim, que neste fim de tarde, nasceram mais dois seres de madeira.

Brincadeira Mamulengando Alegria. Foto: Chico Ludermir

3º dia – 6 de Setembro 2024 – Glória do Goitá

Dia de visitar dois grandes mestres da zona rural de Glória do Goitá: Zé de Bibi e Biu de Doia. Chegamos ao sítio Malícia no fim da manhã e logo encontramos o mestre Zé de Bibi e sua filha MIchele. Presenteamos o mestre com um livro do Mamulengo Água de Cacimba “A Flor do Mamulengo” e logo fomos conversar sobre os bonecos de Mamulengo e de Cavalo Marinho, duas das brincadeiras que a família de Zé de Bibi realiza há muitos anos. 

Dentro do sítio, encontra-se uma pequena vila de casas familiares e uma antiga casa de farinha que hoje abriga a sede do cavalo marinho “Boi Tira teima” e do Mamulengo de Zé de Bibi. Há desenhos por todas as paredes representando as figuras de mamulengo e algumas salas onde guardam as indumentárias e bonecos do cavalo marinho. Para o Mamulengo, tem uma sala com uma espécie de janela, que serve como barraca de Mamulengo na hora de brincar. Lá também existe o Museu do Cavalo Marinho que utiliza bonecos de mamulengo para mostrar as indumentárias do brinquedo e uma biblioteca comunitária. 

A maioria dos bonecos que se encontram no Sítio Malícia foram feitos pelo mestre Biu de Dóia, que além de bonequeiro também é rabequeiro e luthier de instrumentos como rabeca e zabumba. Saindo do terreiro de Zé de Bibi fomos procurar o mestre Biu de Dóia, que mora em um sítio próximo dali. Tivemos que perguntar em diversas casas para finalmente encontrar o mestre talhando uma boneca debaixo de um pé de acerola. Depois de saudar o mestre, pedimos a ele que nos mostrasse seus bonecos e ateliê. Nos deparamos com uma verdadeira exposição de bonecos muito aprumados e bem vestidos, sem contar as esculturas excepcionais que são características desse mestre. 

Foi um dia especial de muito aprendizado, vivenciando o território de Glória do Goitá, na zona rural do município. Andando por aquela linda paisagem, plantações de macaxeira e estradas de terra, na expectativa de conhecer os mestres e o brinquedo, vemos os enlaces do tempo unindo novamente gerações.

Brincadeira Mamulengando Alegria. Foto: Chico Ludermir
Brincadeira Mamulengo Água de Cacimba. Foto: Chico Ludermir

4º dia – 7 de Setembro 2024 – Nazaré da Mata

No sábado, fomos visitar e entrevistar o mestre Zé Vitalino na cidade de Nazaré da mata. A cidade fica há pouco mais de uma hora de Glória do Goitá. 

Vitalino é o mais velho dos mamulengueiros pernambucanos, hoje com 92 anos. Chegamos na casa do mestre no final da manhã, além dos grupos do intercâmbio, se juntaram a nós Chico, que estava filmando, e Giba que estava como assistente de vídeo e motorista. Estavam presentes também, os músicos do Mamulengo da Saudade, o mamulengo do mestre Vitalino que hoje é brincado por Carlos Vitalino, filho do mestre, que preserva as passagens e bonecos de seu pai. Quando chegamos na casa, que fica em um bairro antes de chegar na cidade de Nazaré, encontramos a tolda do Mamulengo da Saudade armada na rua. Vai ter brincadeira hoje!

A casa de Vitalino é um verdadeiro museu, repleta de bonecos e bonecas pelas prateleiras que cobrem as paredes da entrada da casa. Existem figuras de todos os tamanhos, as grandes são de carnaval e saem no Bloco da Véia Feia, conduzido pela família Vitalino. As pequenas se dividem entre Mamulengos e peças de escultura, todas feitas de madeira Mulungu. Com essas esculturas, mestre Vitalino já participou de salões de arte popular da FENEARTE, que é uma importante feira de arte e artesanato que acontece todos os anos em Olinda/PE e reúne artistas de todo país.

Chico organizou o ambiente para as filmagens, deixando o mestre sempre muito à vontade e a entrevista começou com Zé Vitalino contando sua história no boneco. O mestre conta que trabalhava na enxada no Engenho, e conta sua trajetória neste trabalho listando suas diversas funções, ele diz: “cavei veio, eu limpei mato, cortei cana, enchi caminhão de cana, enchi carro de lenha, tudo isso eu fiz no mundo”. Quando não conseguiu mais trabalho neste ramo, ele procurou outros serviços como relojoeiro, pedreiro, marceneiro, e entre eles o ofício do bonequeiro. Mas no princípio, Zé Vitalino não via valor financeiro na fabricação dos mamulengos e por isso fazia para presentear as pessoas. Ele começou a entender o valor dos bonecos quando começaram a vir pessoas de fora visitá-lo para ver e comprar os bonecos dele. 

Abrindo seu baú de bonecos, o mestre se cala e contempla lentamente a primeira boneca que aparece, percebe como a figura está, acaricia, sorri. A segunda boneca que sai do baú é Cafú, que inspira Vitalino a brincar e dizer que é a fofoqueira e só fala a verdade. Depois outras figuras vão se apresentando através do mestre Vitalino. Simão, conta que ficou doente quando foi a São Paulo e que o frio era grande por lá (remetendo a história recente do mestre. que adoeceu em viagem a SP). Mané Pacaru veio querendo contratar alguém dali e ofereceu emprego.

Dona Bia, esposa do mestre, é uma senhora muito sorridente e sua presença é fundamental para o Mamulengo da saudade e Bloco da Veia Feia. Além de ser bonequeira, fazendo bonecas principalmente de pano, existem algumas de madeira, Bia faz Jereré, que é uma de rede de pesca feita artesanalmente, representando uma prática ancestral indigena. Dona Bia produz uma espécie de móbile com seus jererés, que enfeitam todo o teto da entrada do museu. Ela tem uma fala ativa, sempre lembrando seu Vitalino de fatos a serem contados a nós, visitantes. Carlinhos, filho do casal, é um homem de meia idade, já foi cantor de Brega e hoje assume o Mamulengo da Saudade como mamulengueiro, como é chamado aquele que brinca com os bonecos. Carlos Vitalino, utiliza sua experiência de cantor no mamulengo entoando canções de sua autoria com os bonecos, em quando seu pai toca o pandeiro e provoca os bonecos para esquentar a brincadeira.

Depois de um dia de muita prosa, risadas e mamulengos, é hora de voltar a Glória do Goitá.

Mestre Zé Vitalino em seu ateliê. Foto: Chico Ludermir
Mamulengo Água de Cacimba, Mamulengando Alegria e Mamulengo da Saudade. Foto: Chico Ludermir
Boneco de luva de Mestre Zé Vitalino
Boneco de luva de Mestre Zé Vitalino. Foto: Mariana Acioli
Bonecos de luva de Mestre Zé Vitalino
Bonecos de luva de Mestre Zé Vitalino. Foto: Mariana Acioli
Boneco de luva de Mestre Zé Vitalino
Boneco de luva de Mestre Zé Vitalino. Foto: Mariana Acioli

5º dia – 8 de Setembro 2024 – Glória do Goitá 

Domingo foi dia de pegar Mulungu. Logo cedo Augusto, marido de Cida já estava pronto com o caminhão de seu pai que é agricultor para nós irmos pegar um pé de mulungu que foi derrubado em um sítio nas redondezas. Acontece que a árvore de grande porte, estava perigando cair no criadouro de boi do sítio, então o dono mandou derrubar o pé de Mulungu e é certa a venda para os bonequeiros. Neide já tinha negociado e mandado cortar as toras da árvore que seria retirada neste dia. Nós participamos da colocação das toras no caminhão. Ainda tivemos a presença de um amigo da família que também tem envolvimento com os bonecos.

O transporte foi feito para a frente da casa de Neide, onde se encontra uma construção inacabada, é o local onde ela guarda toda a madeira para fazer os bonecos, neste ambiente que muitas das plantas rebrotam. Neide nos conta que cada um daqueles galhos verdes pode brotar uma nova árvore. Terminado o trabalho, fomos visitar o ateliê de Neide, que se localiza na entrada de sua casa. De um lado é seu ateliê e do outro tem uma sala de exposição dos bonecos e bonecas à venda. Ali se encontram trabalhos caprichosos, com roupas e pintura impecável, tinha mamulengos e também bonecos ventríloquos. Neide nos presenteou com um de seus bonecos e bonecas da nossa escolha pelo trabalho enchendo o caminhão de mulungu.

Ainda tivemos um momento de entrevista com Cida, que aconteceu na Casa CUPO. Foi muito emocionante ouvir o relato de Cida enquanto talhava tranquilamente uma cabeça de boneco, ela contou sua trajetória, sua relação com as figuras e bonecos. A importância de seu pai dentro da sua história e memória que ela quer preservar e dar continuidade ao legado de Zé Lopes. Cida conta sua história como quem narra as transformações do Mamulengo, acompanhando a dinâmica da cidade de Glória do Goitá. Após a entrevista fizemos uma troca de experiências e informações sobre nossos bonecos, apresentamos um a um contando suas histórias e passagens. Foi um momento significativo do intercâmbio, pois pudemos conhecer a fundo as figuras de cada grupo e enriquecer nosso repertório em relação a esses antigos seres de madeira, nos conectando com a forma de aprender das Culturas tradicionais, a oralidade.

Carregando o caminhão de Mulungu em Glória do Goitá. Foto: Chico Ludermir
Brincadeira Mamulengando Alegria. Foto: Chico Ludermir

6º dia – 9 de Setembro 2024 – Glória do Goitá 

Segunda feira fomos bem cedo para a escola de EREM Prof. Barros Guimarães na qual iriam acontecer as apresentações de Mamulengo. A ideia de levar as brincadeiras para a escola da cidade, prioriza a escola pública como local de difusão do patrimônio, como possibilita a troca dos grupos que têm a oportunidade de assistir a brincadeira do outro grupo, além de acompanhar a parte técnica como montagem do cenário, preparação do bonecos, relação com o público, entre outras questões. 

Na parte da manhã, ocorreu a brincadeira do Mamulengando Alegria de Cida e Neide Lopes, apresentou “A festa na fazenda de Dona Quitéria” que contou com a participação de Felipe (Mateus e violão), Theo (zabumba) e Heloisa (triângulo). O cenário é uma barraca tradicional de Mamulengo com chita colorida envolvendo toda a parte de baixo, a parte de cima tem formato de telhado e é adornado com fitas coloridas,nas laterais tem dois desenhos de bonecos, na frente traz um estandarte colorido com uma pintura do nome do mamulengo e da brincadeira e enfeitado com flores de crochê. O público de adolescentes parecia ter familiaridade com o brinquedo, e Cida, que improvisou virtuosamente, conhecia alguns nomes e fez muita brincadeira com as pessoas presentes. Cida encerrou sua apresentação com uma bela passagem onde apareciam três lavadeiras com suas bacias de lavar, a avó, a mãe e a filha que cantam exercendo o ofício por gerações. Percebemos que ali, dentro daquela Tolda, estavam também três gerações de brincantes, Neide, Cida e Heloisa. 

À tarde, o Mamulengo Água de Cacimba se apresentou com a brincadeira “Vamos Plantar Mulungu” no qual Allan é o mamulengueiro (aquele que manipula os bonecos) e Mamari faz o Mateus (espécie de interlocutor dos bonecos com o público) e toca Cavaquinho e Pandeiro. Essa brincadeira estava em época de início, pois teve sua estreia em Agosto 2024, é repleta de figuras que representam outros brinquedos populares como o Maracatu de baque solto, Boi e coco de roda. Foi interessante notar a interação das estudantes com os bonecos, parecia que eles já tinham intimidades e acreditavam verdadeiramente em suas presenças. A cena do Maracatu de baque solto, teve uma particular admiração do público e ao final da brincadeira Cida nos deu a sugestão de usarmos um apito, e assim incluímos o instrumento. 

Nesta noite, na casa de Cida, fizemos uma confraternização do intercâmbio com muita conversa e alimento que todos preparamos juntos. Dialogamos sobre as brincadeiras que foram apresentadas, sobre as figuras, sobre as formas de fazer o mamulengo e as várias tradições do brinquedo. Abordamos a história de mestres antigos e seus saberes, que nessas vivências podemos nos conectar com essas memórias do Mamulengo, tentando perceber quais são as características peculiares que Pernambuco imprime nesse brinquedo que é feito por quase todo Nordeste. 

Brincadeira Mamulengando Alegria. Foto: Chico Ludermir
Brincadeira Mamulengo Água de Cacimba. Foto: Chico Ludermir

7º dia – 10 de Setembro 2024 – Glória do Goitá 

Nos despedimos de Glória do Goitá com muita alegria de ter convivido na cidade de Cida e Neide e toda sua família, que nos recebeu muito bem. Levamos também muitas experiências que nos impulsionam a continuar nosso trabalho da forma que fazemos, com muito respeito aos bonecos, mas sobretudo, aos mestres e mestras dessa tradição. Pessoas que abriram os caminhos para que hoje nós possamos brincar e mais, viver dessa arte, carregada de memória e histórias.

A primeira etapa se encerra, com o intercâmbio ainda se iniciando. Aprendemos muito sobre o Mamulengo em Glória do Goitá e sua tradição nessa cidade tão importante para a história, antiga e recente, do boneco popular em Pernambuco. Seguimos a jornada, saindo agora do estado onde vivemos, cruzando as fronteiras rumo a Paraíba e ao seu boneco popular, o Babau, cuja tradição inspira significativamente a nossa brincadeira.

Mamulengo Água de Cacimba e Mamulengando Alegria. Foto: Giba
Card de divulgação da Etapa Pernambuco do Projeto Cruzando Fronteiras: Mamulengo, Babau e Calunga